quarta-feira, agosto 31, 2011

Red round cap

Como saber vestir uma carapuça? Melhor, como saber identificar se as carapuças atiradas ao acaso do éter nos são dirigidas? Como se servir de uma carapuça que nos aterra ao colo mas não nos serve nem na ponta do... nariz? O Ego, o nosso ego, intimo reflexo da imagem que fazemos e projectamos de nós próprios, molda-se ou enrijesse ao sabor do nível de auto-estima que vestimos a cada dado momento, mas é ele, o ego, quem mais anda atento às carapuças, e ao efeito que determinadas cores nos acentam melhor ou pior, nos elevam a auto-estima ou nos deixam de rastos com se as carapuças fossem feitas de malha de aço ferrujento.
Criamos alter-egos, interpretamos o nosso reflexo num espelho como se de uma interacção com outrém se tratasse, ensaiamos discursos e gestos, programamos atitudes reflexas e condicionadas, arquitetamos estratagemas hipotéticos, perdemos peso ou vemos uma imagem deusificada pela deturpação da mente afectada, e que por isso cria o alter-ego... e porquê?
Sobrevive-se com o ar que se respira, batalha-se com as armas que se tem, mudamos de carapuça e de ego e... e reinventamos uma fotocópia de nós próprios, olhamos para dentro e vemos o que gostariamos de ser, e vestimos essa pele como uma fantasia de carnaval, projectamos uma imagem, enganamo-nos a nós próprios. Note-se o "nós" real, porque por mais que emitamos pareceres e juizos sobre os outros na facilidade salvaguardada da 3ª pessoa do plural, a verdade é que apenas nos enganamos a nós próprios, uns mais do que os outros, depende da carapuça que usam. Dá de facto alguma vontade de rir... o que faz pena.

Olhares

Olhas para mim à distância
E só vês vontade de rir
Nota que escrevo à ganância
Porque escrever me faz sentir

As palavras que lês de mim
Mesmo sem me conhecer
Tens razão é mesmo assim
Servem para me convencer

Mas tu lês o que escrevi
Como se eu fosse as palavras
Quando o que escrevo aqui
São apenas algumas lavras

E absorves a escrita almejada
Como dum osso o tutano
Olhas mas não vês nada
Que uma gota não é oceano

Tiras-me a fotografia
Fazes de mim julgamento
Mas só escrevo o dia-a-dia
Se pensares por um momento

E o que escrevo não faz lei
É só vontade de escrever
Sobre uma coisa que eu sei
Que se chama sobreviver

Que eu mostro ao mundo o que sinto
Quando estou apaixonado
Por isso não acho que minto
Se mostro estar magoado

Tu olhas mas não queres ver
Que estou a tentar avançar
Mas não me basta só querer
Porque o querer vem do sonhar

Então continuo a escrever
Sobre tudo o que conseguir
Quem sou, o que sinto e o que vi
E se não queres compreender
Aquilo que me faz rir
Também me rio de ti


domingo, agosto 28, 2011

Re-posts sem voz num Domingo à tarde

Silêncio Indiferente

Às vezes simplesmente fico calado.
Aprendi a ficar calado, a não exteriorizar, não comentar.
Fico calado como quem diz que meto "para dentro”, engulo em seco.
Às vezes a vontade de gritar "-Basta!" é tão grande que me calo para não perder a voz.
Há vezes em que não falo, reservo-me ao silêncio indiferente.
Evado-me
Outras vezes, digo tudo o que tenho para dizer.
Mas sinto que ninguém me está a perceber!



Silêncio violento

Fiz outra viagem de mota
sem mapa e sempre a andar
Desta vez mudei a rota
mas acabei no mesmo lugar

Refugiei-me no silêncio violento
no barulho da música a respirar
Mas apetece-me gritar ao vento
até a minha voz sangrar

Escrevo a vermelho sem côr
como se a tinta fosse vinho
e escreveria a minha dor
mesmo não estando sozinho

Mas por mais que escreva palavras
como se pintasse uma tela
escrevo sempre por duas lavras
que arde dos dois lados a vela

...e olho para dentro de mim
a batalhar sem ter canhão
e digo a tudo que sim
quando devia dizer não

Tenho mil poemas para escrever
ideias que me correm na mente
mas a caneta é sangue a escorrer
são mágoas que a alma sente

Então aumento o volume do som
rebento os timpanos com memórias
as cores da vida perdem o tom
e revivo as mesmas histórias

Não me consigo libertar
da prisão que há em mim
já nem consigo gritar
só digo a tudo que sim

Se escrevo tenho esperança
há algo em mim que persiste
é um canivete, não é uma lança
mas ainda tenta e resiste

Se a escrita não libertar
talvez me possa ajudar
a esquecer-me deste lugar
de onde não consigo escapar

Eu sei o que estou a sentir
trago o mundo nos meus ombros
mas mesmo num mundo de escombros
Eu nunca hei de fugir

Por isso continuo a escrever
pendurado numa canêta
que é arma para defender
sem balas nem baioneta

Tenho uma mota infernal
E o asfalto chama por mim
A estrada faz-me sinal
E vontade diz-me que sim

Calado sigo em frente
no silêncio que abafa a dor
mas dentro da minha mente
está um barulho ensurdecedor

sábado, agosto 27, 2011

Bedouin

O nome em si só não diz nada. A decoração estilo casablanca desvenda qualquer coisa alusiva ao nome, e a música... ainda não percebi a que dias me agrada e a que dias me faz querer ir passar o tempo a outro local... mas é o bar do momento, um dos meus preferidos em S. João da Madeira, em todo o caso. Bem frequentado de vistas, staff simpático que me cumprimenta como cliente regular (só comecei a vir aqui nem há 1 mês), um Jameson sem gelo em copo de balão para empurrar o ansiólitico de 2mg para baixo e a esperança que a mistura me provoque algum grau de amnésia - a julgar pelo que diz a bula das benzodiazepinas - que me permita ao chegar a casa conseguir manter o ar de estupidez natural sem me transformar incontrolavelmente em cisudo de cara fechada mal desmonto da mota na garagem... A música hoje está alta demais, têm cá um DJ qualquer que parece ser o único que está a apreciar a música, fora isso, a wi-fi é aberta, as portas estão escancaradas, há fumadores (pois...) e um ambiente de meia-luz, o suficiente para eu não me enganar muitas vezes nas teclas do notebook.
Sentado sozinho nesta mesa, ao fim de meses a fio a viver em ostracismo, a lutar contra monstros invisiveis e dissimulados, mobilizei finalmente a minha "máquina de guerra" e os conselhos começam a chegar, um sms cirurgico, um telefonema no momento certo, um email inesperado, convites para isto ou para aquilo, e desdobrados feedbacks às minhas actualizações no facebook. Constato que mesmo estando (aqui ou em outro lugar) sozinho, tenho muitos Amigos, tenho família, e tenho-me a mim (para não falar dos conselheiros de serviço no blog, obrigado a todos!). Ao contrário de muita gente que conheço, eu sou receptivo a conselhos, ouço e filtro muito bem os conselhos que me dão. Curiosamente por vezes os melhores conselhos vêm de estranhos, particularmente quando aqueles que nos são mais próximos (ou que deviam ser) estão mais virados para os seus próprios umbigos. Mas estranhos, não, não tem sido o caso, a armadura está forjada de aço impenetravel, não permito que me abordem mais do que para me pedir lume ou para despir a minha mesa das cadeiras vazias... Um dia de cada vez, que eu não ando com uma venda nos olhos às apalpadelas a ver em que rede vou cair...
Porque isso não é solução, não tenho pressas nem sofro pressões.
Hoje de manhã constatei que atingi um dos objectivos a que me propuz: De 89 Kgs no mês de Maio consegui voltar aos 75 kgs ideais antes do fim de Agosto. É o objectivo menos importante que tinha, mas atingi-o e a armadura acenta em mim como uma luva, e o ter objectivos, por parcos, inuteis e até algo pirricos que sejam, é um primeiro passo, um passo em frente, mesmo que a espaços sinta que por cada passo que dou em frente ando dois passos para trás, e ao mesmo tempo que respiro, cada inspiração leva-me invariavelmente para mais perto do meu último suspiro... Afinal talvez eu tenha alguma pressão, mas não tenho pressa.
Da conversa que me chega da mesa ao lado ocorre-me uma reflexão antiga sobre fatalismo, de algum modo a aludir a algo sobre péssimismo que tenho lido por aí, uma reflexão sobretudo sobre optimismo, que por mais que a vida me tente, não lhe consigo escapar. A música tornou-se insuportavelmente alta e demasiado parecida com um ringue de carrinhos-de-choque... Bedouin, aos dias de semana é que rende.
Vou para casa ver um filme do 007, "Never say never again (1983)" parece-me bem para os tempos que correm...
Hoje formato o fim do post de forma pouco original, mas sem dúvida incisiva.




Time will swallow your precious time
Like magic create the future
What makes a man so fickle ?
Who put the daggers in those eyes ?
Was it to learn
Through dark days of struggle ?
Was it to burn
To burst all our bubbles ?

Thunder and rain
Well the cynical flame, will it heat, stick, and blister ?
Thunder and rain

Evangelistic brother should be banging a tambourine
Go wash your hands and fingers till your mind is clean !
Was it your fate
To sleep like a normal ?
Time and decay
No man is immortal

Thunder and rain
Boredom and pain lit the cynical flame, will it heat, stick, and blister ?
Thunder and rain

Still try to resist
The pessimist
The pessimist, no no !

And these things I find
In the back of my mind
Where time lasts forever
I get all mixed up, think I'm all mankind


Listen Mr. Pessimister with your Catholic taste...
Oh, listen Mr. Pessimister, Pessimister, we do not relate...
Listen Mr. Pessimister, Pessimister, Pessimister...
Mr. Pessimister !

sexta-feira, agosto 26, 2011

This Strange Engine

Em Maio de 1997, acabadinho que tinha de sair um novo album dos Marillion, eu morava em Bournemouth, no Sul de Inglaterra, onde frequentava na altura o 2º ano universitário de Psicologia Aplicada (viría a trocar mais tarde Psicologia por Gestão, escolha certa!). Com a saída desse album para o mercado e com a sua entrada na minha pele (particularmente a faixa título, uma malha do mais progressivo rock que há, com 20 minutos de duração e solos de cortar a respiração), vi ainda 2 concertos ao vivo na mesma semana e o CD ficou gasto de tanto girar. Certo dia, sentado a contemplar o mar ao fundo do Pier da praia de Boscombe, escrevinhei uma citação (transcrita no fundo do post) de uma das letras desse album, num caderno de capa grossa e folhas lisas brancas, para o estrear... Tornou-se imediatamente no meu livrinho de citações, onde passei a escrever expressões, frases, citações, reflexões e outras pérolas que acredito mereçem ser registadas: O Livrinho, que me tem acompanhado desde então por vários países e cidades onde morei, cresceu; as páginas engrossaram e amareleceram, a capa deteriorou-se, e hoje em dia raramente o vou buscar à prateleira, terá umas 100 ou 200 citações, algumas de moi-même (as pérolas), outras que não sei onde as fui buscar, algo que ouvi de passagem, ou numa conversa na mesa ao lado, ou duma página de jornal numa sala de espera, ou de nem sei onde, que fontes não me faltam...
Ontem fui buscar o meu Livrinho à prateleira para registar uma citação que, embora por estar contextualizada num rol de rétoricas tenha o sentido que tem, e embora esteja ilustrada pelo meio com expressões intermédias de salvaguarda; Essa expressão, isolada, faz para mim muito mais sentido e virtualmente dispensa reflexões adicionais sobre a importância da verdade.

Lido na Internet:

A verdade pode morder, mas (...) desde que (...) afirmada com coração aberto e de pendor construtivo, serve como cimento de secagem rápida, e não martelo de demolição.

As minhas fontes de citações são de facto variadas ...e improvaveis.
Não seria igual a mim mesmo se por arrasto destas palavras não voltasse a ler este antigo post para tentar atenuar um pouco aquela impressão que tive na altura. De facto a escrita pode reinventar as pessoas, ou as pessoas reinventam-se pela escrita, ou as duas coisas, ou pode até ser só fruto de um méro acaso, dum rasgo qualquer...





(...)
And ever since I was a boy
I never felt that I belonged
Like everything they did to me
Was an experiment to see
How I would cope with the illusion
In which direction would I jump
Would I do it all the same
As the actors in the game
Or would I spit it back at them
And not get caught up in their rules
And live according to my own
And not be used, not be used
To find the fundamental truths
It was going to take some time
Thirty five summers down the line
The wisdom of each passing year
Seems to serve only to confuse
Seems to serve only to confuse

(...)

quinta-feira, agosto 18, 2011

Ripples

Directamente da rua, do espasmo instantaneo que me faz percorrer vielas e sítios por onde nunca passei, uma incidência perde-se na vontade (ou falta dela): Para onde ir? Esquerda ou direita? Fresca ou natural? Fruta ou chocolate? fumar ou não? Com ou sem camisinha? Ir ou ficar?
A dificuldade não está forçosamente na escolha, de longe, qualquer idiota consegue fazer uma escolha... a dificuldade estará porventura (inevitavelmente) em viver com a ligeireza com que a escolha se faz, a dificuldade está em ver além da escolha, e em conseguir viver consigo próprio após fazer uma escolha. Uma escolha é como uma pedra que se atira a um charco, é viver com as ondas que a pedra faz ao cair no charco e que vêm inevitavelmente molhar-nos os pés nas margens... Uma escolha, por péssima que seja, deve ser feita à distância segura das implicações inerentes, à distância segura, matura e ponderada das ondas que a escolha provoca, dos efeitos colaterais, das repercursões. Por qualquer motivo, qui ça divino, esta é uma ferramenta estritamente inata, aprende-se, não nasce connosco, e muitas pessoas passam anos das suas vidas com os pés molhados por causa das más escolhas que fizeram. Uma vida inteira com pés molhados, imagine-se...
As ondas que as escolhas provocam não são isentas ou inconsequentes. Tal como as escolhas não devem ser influênciadas, as ondas não podem ser teleguiadas, pelo contrário, são descontroladas, quase perpétuas, por vezes irremediavelmente irreversiveis. Fazer uma escolha, mais do que optar pelo que se faz, é abdicar do que não se escolhe em detrimento de outra coisa qualquer, profunda ou leviana, fruto de um plano ou de um impulso, frugal desejo carnal ou abnegação amical, um momento rafeiro, qual cicatriz na alma, idelével tatuagem esborratada na memória, inexplicavel decisão, marco na experiência que se queria enriquecida, na vida, na vida, na vida, na nossa vida, preciosa, mas frágil e débil, desorientada... Mal aconselhada... Coitada...
Fazer uma escolha, considere-se uma escolha de vida, mesmo que seja baseada numa leitura de cartas de tarôt - pasme-se que eu fui testemunha - é seguramente uma expressão de livre-arbitrium, respeita-se, com inferência, com deferência, ou com a mais pura e desprezante indiferênça... e aceita-se. Mas a escolha, a nossa escolha, mais do que fazer de nós o que somos, faz de nós o que somos aos olhos do mundo, e por mais que nós nos vejamos a nós próprios assim ou assado pela escolha que fizémos, seremos sempre - inevitavelmente - julgados pelas escolhas que fazemos, tal como passamos a vida a julgar os outros pelas suas escolhas... Nunca me soou bem aquela coisa de atirar a primeira pedra, ninguém é isento, ninguém é ilustre ou santificado. A individualidade é um mero lugar-comum que submetemos, forçados por vezes, a apreciações alheias, tendenciosas... A dificuldade, não está só no fazer uma escolha, não estará sequer apenas no ter que viver com essa escolha (porque não lhe podemos escapar), a dificuldade está sobretudo sem dúvida em fazer a escolha certa!
Houvesse ao menos frontalidade para assumir as más escolhas que se faz, maturidade para reverter as escolhas erradas, contenção na auto-desculpabilização, moderação na obtusidade e na teimosia, mas lá está, é inato, ou se tem ou não se tem, ou se escolhe ter, ou escolhe-se não ter, e vive-se com isso, nessa ilusão, de só parecer sem nunca chegar a ser, até se morrer...
...e ficava aqui a noite toda a deambular, mas por agora escolho ir dormir.
-Bem haja a tua escolha, seja lá ela qual que for, pois és tu que terás que viver com ela, e eu eventualmente arranjarei maneira de secar os meu pés molhados.
Tudo se paga.

Citado de um site expert sobre o assunto

"Because Vesper will always be unique, and Jinx is just another one"

quarta-feira, agosto 17, 2011

You prefer to be Jinx

Por qualquer motivo, sem razão aparente, sentado sozinho nesta mesa de café, sem motivo válido para ir para casa e com vontade de me auto-flagelar por me ter(em) metido nesta situação, lembrei-me da Jinx, e do memorável momento no Bar à beira-mar de onde saiu o diálogo:

"Do you believe in bad luck?"
"Let's just say, my relationships don't seem to last..."
"Hmm... I know the feeling."

De facto há quem acredite, mas em pouco mais do que isso acredita...

I wish you were Vesper

Por qualquer motivo, sem razão aparente, enquanto me sento sozinho neste escritório, meio perdido na pilha de coisas para fazer e com vontade de me auto-flagelar por ter fumado nas férias, lembrei-me da Vesper, e do memorável diálogo no comboio de onde saiu a frase:

"É curioso como as pessoas que nunca aceitam conselhos, insistem sempre em dá-los"

É de facto curioso, mas pouco mais é do que isso...

terça-feira, agosto 16, 2011

Home is where your heart is


Home...
Home again...
I like to be here,
when I can.
And when I come home,
cold and tired,
It's good to warm my bones,
beside the Fire

Pólvora sêca

Lembro-me, aqui há uns 3 anos atrás numa altura conturbada e incerta, de ter escrito qualquer coisa em género de teoria, sobre como por vezes a resolução das complicações que ocorrem na vida nos permitem guiar-nos pelos caminhos certos à medida que vamos resolvendo essas complicações que – pasme-se – não cessam de se produzir, nas suas diferentes dimensões, com mais ou menos importância, com mais ou menos contornos e implicações, mais graves ou menos graves nas eventuais consequências, mas sempre presentes, interligando diferentes aspectos da vida num bailado repetitivo, complicação, resolução, complicação resolução, e por aí adiante… Estarei assim eu dessa forma constantemente a manter-me no caminho certo, diga-se a redireccionar o meu caminho para o manter certo, evitando as complicações que conseguir, e resolvendo as que não consigo evitar…? O tempo do verbo no gerúndio não é muito assegurador de que realmente a teoria é infalível, mas é o que temos.
Seguramente que na minha teoria entrará um inevitável factor desgaste que não estarei porventura a contemplar na sua verdadeira dimensão, provavelmente porque ainda mal o sinto, mas sei – e já o escrevi também – que mais tarde ou mais cedo, tudo se paga, material, comportamental ou emocional. Esta contingência tem um elemento particularmente acutilante pelo facto de ser faca de 2 gumes, como uma vela que arde dos 2 lados, mais tarde ou mais cedo, tudo se paga, seja do lado da complicação, seja do lado da resolução, é inevitavel e matemático.
Gostava de conseguir antecipar as complicações antes delas se produzirem, aliás, antecipar até chego a conseguir com regular frequência, agora evitar que as complicações se materializem é que raramente está ao meu alcance… Fosse eu uma potência militar como a Coreia do Norte e anunciaria ataques nucleares preventivos para evitar – o que resultou – complicações. Mas eu não sou potência militar, tenho apenas alguns neurónios exercitados pela leitura técnica e pelo Xadrez, uma inegável experiência de vida, formação académica para dar e vender, o que na prática por vezes de pouco ou nada me serve e me obriga a servir-me também de um par de raquetes calejadas, eventualmente de um par de instrumentos de ortodontia em lona ou cabedal, e em último recurso, um espanta-espíritos entalado na cintura das calças (este último muito útil, entre outras situações, nas minhas longas viagens solitárias de mota que impliquem passagens, paragens ou dormidas em locais duvidosos).
Teorias à parte, a grande sabedoria, em face das complicações, está mais em ter a capacidade de, em vez de alimentar as complicações, saber desdramatiza-las, não lhes chegando sequer a dar tal estatuto, erradicando-as da vida, thus descomplicando a vida. Não sendo isso possível, é resolver então a complicação, desenvolve-se uma estratégia, sacrifica-se um peão, mesmo uma torre, valoriza-se a rainha e protege-se o rei, é o xadrez da vida. Adiante…
Para a complicação do momento (motor de arranque da mota gripado), os 2 semestres de “Gestão de Projecto” no 2º ano da 1ª licenciatura de pouco me servem (nem os conhecimentos de mecânica). Resta-me planear o dia de forma a obter o melhor e mais eficiente resultado possível, assim:

1- Sair de casa às 7:00h e conseguir pegar a mota de empurrão (são 200Kgs a seco).
2- Serpentear pelo trânsito da A5 até à saída de Carnaxide/Linda a velha.
3- Descer até à Marginal em Algés, apanhar o sentido Cascais-Lisboa e passar o viaduto para a Av da India.
4- Fazer o percurso todo até ao Cais do Sodré (sabendo que os últimos 1000 metros depois de Santos serão feitos em sentido proibido)
5- Percorer rapidamente a zona ribeirinha passando T. do Paço, Xabregas, Beato, Poço de Bispo e virar para Chelas naquela rotunda quadrada com uma escultura colorida e esquisita antes da Matinha e da Expo.
6- Tentar não me perder nos Olivais para encontrar o caminho para a Picheleira.
7- Estar às 9:00h da manhã à porta da oficina da “motopeças (Yamaha)” a rezar para que eles, ao contrario do meu mecânico em S. João do Estoril, não fechem para férias na 2ª quinzena de Agosto.

Se estiverem abertos, lindamente, se estiverem fechados, na altura penso nisso porque há múltiplas possibilidades mas nem todas têm o mesmo rácio de praticabilidade e eu tenho imperativamente que resolver o probl... a complicação, sem falta amanhã!

Efectivamente há complicações com diferentes graus de importância. A importância que tem uma "complicação" é uma unidade de medida intrinseca que depende de factores por exemplo como o que se tem a perder, o que se tem a ganhar ou o quanto se investiu, pelo que é um exercício perfeitamente idiota e presunçoso tentar quantificar, desvalorizando ou sobrevalorizando, a importância que tem para outrém uma dada complicação, por oposição à importância que se lhe atribui.
De igual modo, há complicações que se resolvem mais facilmente que outras, e há certo tipo de complicações que se camuflam de aparentemente resolvidas e alheadas, mas depois arrastam-se, insistem, persistem e resistem... essas (e agora falo por antecipação) quando deixa de ser possivel ignorar, acabam por ter que se resolver... como diriei...?
Do pé p'ra mão!?

segunda-feira, agosto 15, 2011

Praia da Azarujinha

...e agora vamos a banhos!

domingo, agosto 14, 2011

Hoje

41 Verões a sorrir
Mas cada ano que passa
Só serve para me confundir...

A meio da noite

Tenho saudades da minha gata...

sábado, agosto 13, 2011

Ouvido de passagem

"...as pessoas ainda não perceberam que é mais fácil viver com regras do que sem regras..."

Memento v/s Momentum

Tive um dia bastante preenchido, nem parece que estou de férias. Pequeno-almoço maravilha na esplanada por baixo aqui de casa a ler o jornal e interagir na net (levei o notebook para a esplanada, é recorrente), depois compras no CascaiShopping (nota mental para não me deixar levar pelo alarido das montras). O almoço foi com amigos em Lisboa (13 minutos do Estoril ao Saldanha, o capacete com viseira foi a minha melhor compra deste Verão), depois umas incursões a Loures, Massamá e Oeiras (ando a ver se compro um charuto para substituir o Fiat Uno que finalmente consegui empandeirar na semana passada). De seguida voltei a Lisboa (Oriente - Vasco da Gama) para um reencontro há muito prometido, no regresso a casa ainda tempo para um copo com um amigo motard numa esplanada à beira rio em Belém a ver o pôr-do-sol com um vento desgraçado (ainda há 2 dias lá estive perto).
Julgava eu que ia jantar tranquilamente a casa da minha irmã (tenho várias irmãs, a todas me refiro como irmã, nem sempre estou a falar da mesma) quando a minha irmã me crava para ir ao IKEA com eles comprar uma cozinha para a casa nova... Socorro!
Eram 23h quando finalmente consegui ir passear o cão (da minha irmã) e suspeitar que o gato dela fez jejum forçado o dia todo. Volta a pegar na mota, que já estava guardada, e correr as bombas de gasolina todas até cascais à procura de friskies (sacana do gato é esquisito). Enfim, passei o dia entretido, e ainda não acabou, quando acabar de escrever este post talvez ainda vá ali ao barzinho relaxar um coche, talvez jogar um King...
Durante o dia todo, in the back of my mind, não encontrei a resposta perfeita a uma SMS a que (por essa razão) não respondi, mas há pouco, ao fazer a marginal quase a ser levado pelo vento com a comida do gato nos alforges a resposta desenhou-se numa palavra apenas: Momentum, porque na realidade, pragmática e realista, é tudo uma questão de Momentum, e tudo se simplifica quando se permite, mais do que pelo memento, ser-se guiado pelo momentum.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Contacto adicional

Assim seja. Que prevaleça a (tua) palavra e a (minha) vontade, e mais nenhuma "incidência", "interferência" ou re-edição!

quinta-feira, agosto 11, 2011

Back to the future (or something like that)

Já estou de volta a S. João do Estoril.
Que se lixe Troia e a voltinha por locais por onde de qualquer forma já andei antes (A minha mota tem 80.000 Kms, não há muitos sítios em Portugal onde eu ainda não tenha passado de mota).
Não consigo imaginar o que é a vida das pessoas que moram na margem sul do Tejo e que têm que atravessar a ponte 25 de Abril de manhã todos os dias... julgava eu que a Marginal era congestionada, bolas! Bendita Virago, parecia uma enguia no meio do trânsito.
Curiosamente voltarei ainda hoje a atravessar a ponte mais 2 vezes, a minha irmã convidou-me para ir passar o dia à casa dela do Meco... pode ser que ponha o pirilau a apanhar Sol.
Entretanto, por aqui, enquanto deixei a recarregar as baterias dos acessorios de comunicação movel aproveitei para ir dar um mergulho à praia da Azarujinha. Que maravilha!

-Yeah, estou de férias, meu!

Troia

Tudo caríssimo, tudo diferente do que me lembro, não tenho nada a ver com este lugar, a cama do quarto é grande demais para o vazio do bar, perco-me em arrependimentos e escolhas erradas, devia ter continuado viagem, estou tão cansado...
Lembro-me de outras passagens por Tróia, outras "voltas", tantas, a passar pela península de Setubal a caminho da Lagoa de Santo André, ou da Comporta (antes daquilo se tornar numa banalizada versão da mediocridade da Caparica). Lembro-me dos golfinhos do Sado e do tremer do ferry, da Virago no convés como um leme imponente e do calor da estrada a acariciar-me o rosto, da minha Beretta a rasgar o silêncio da noite e da adrenalina que isso libertava em antecipação da areia branca, das ondas perfeitas para fazer carreirinhas e das marés vazas para fazer skimming...
Ainda bem que o bar estava vazio, ainda bem que a cama é grande, ainda bem que estou de férias (na mais completa possivel abrangência do termo), ainda bem que levei a bom porto o meu propósito do dia de hoje (boa onda!), ainda bem que acredito que acabam aqui as estragações do corpo a que me entreguei nas duas últimas semanas, ainda bem que o bar do hotel estava vazio (insisto neste ponto), ainda bem que o hotel não tem canais pornograficos, ainda bem que trouxe um livro, afinal, ainda bem que não continuei viagem, porque já estou com vontade de voltar para trás.
Lembrei-me também de uma passagem em particular, memoravel, cumplice e destemida.
Ainda bem que a memória é intemporal.
No rescaldo do meu final de tarde à beira rio, pelo caminho, lembrei-me, constatei, que não me enganei, e que por vezes as pessoas em quem mais confiamos são justamente as pessoas que quando o assunto é a doer, falham redondamente na gestão da verdade, ou da mentira, ou das duas coisas. Por vezes há que manter a face a qualquer preço. É compreensivel.
Vou dormir a ouvir o mar...

quarta-feira, agosto 10, 2011

What's wrong with this picture?

Fui de manhã
Voltei de noite,
Fui num mês
Voltei no outro,
Fui com medo do Sol
Voltei a adorar a chuva,
Fui quase carnivoro
Voltei quase vegetariano,
Fui ferido e derrotado
Voltei curado e vencedor,
Fui como um cordeiro
Voltei como um Leão


Foto em 2011 na zona de Leiria, texto de 2009 tirado daqui

segunda-feira, agosto 08, 2011

por sms

Lisboa no horizonte...

Closure

Sou um homem pacifico, nem sempre fui, mas tornei-me assim, e gosto, mas também sou genuino e se há coisa que não gosto é de situações mal resolvidas, mesmo que unilaterais, não costumo deixar assuntos por resolver, assumo todas as minhas acções, mesmo as que faço inadvertidamente, e sou tanto ou mais exigente nessa matéria com os outros como sou comigo próprio, no assumir. Torno-me quase um predador. Para quem tenha duvidas ou receios, saber assumir, estar presente, dar a cara, no minímo constroi o caracter pessoal, no limite poupa potenciais dissabores...
Estou de novo numa encruzilhada na minha vida, tenho várias opções, variaveis conhecidas e desconhecidas, a antecipação do meu percurso profissional faz-me abusar dos ansioliticos, a minha vida emocional está em suspenso, a estupidez (a que me expuz) fez-me voltar a fumar outra vez e isto no momento em que estou melhor em forma desde há anos - um mal necessario - e a incerteza até parece que anda a mamar esteroides!
Mas determinação, essa, está inabalavel.
Tenho um assunto para resolver, algo a dizer, a explicar, a ensinar, ouvir o que tiverem para me dizer, pouco mais que isso, e os meus propósitos são incontornaveis, tarda mas não falta, num formato agora mais conveniente e civilizado (vale-me o traquejo, a paciência, a condescendência e as costas largas), mas agora é mesmo assim, incontornavel (que a palavra faça eco!)
Ando há 2 anos a adiar (paguei caro por ter adiado), e ando por isso há 2 anos a conviver com imaturidade e teimosia obtusa, lido diariamente com políticas de comportamento oscilante consoante sopra o vento, sujeito-me a sistematicos sacudires de agua do capote, a falsidades e jogadas de bastidores, a acusações infundadas, a mentiras disfarçadas de omissões , a inconsequência, e até a traição na pior das formas: na infiel, desleal e cobarde delapidação do que devia ser a tão proclamada amizade, o assassinato/suicidio de um sonho.
-Basta!

domingo, agosto 07, 2011

running nowehere fast (and back)

sábado, agosto 06, 2011

...um contratempo...

sessão da meia-noite



-"Então, o filme foi fixe, gostaste?"

-"Começou com um genérico altamente, e a acabou com uma empregada toda giraça a acordar-me no fim."

sexta-feira, agosto 05, 2011

Damage control

Recentemente, num acesso de desespero e perda de razão (sanidade, entenda-se), encontrei-me no papel oposto a este, e a tortura interna por não ser capaz de me perdoar é 1000 vezes maior e mais cruel do que a facilidade que tenho em perdoar os outros quando me ofendem.

O bom filho a casa torna...

...em missão de paz!

Amigos, amigos, maturidades à parte

Mantenho os meus Amigos de infância desde sempre, alguns desde há mais de 35 anos! Outros Amigos tenho-os desde a adolescência, outros desde a Universidade de há uns 15, e outros há 2 ou 3 anos... Tenho amigos em Portugal e amigos em vários países do mundo, alguns que não vejo há mais de 10 anos, mas são todos amigos com "A" maiusculo, e a minha amizade por eles, mais do que inquestionavel, é incondicional e é inabalavel! A amizade tem o seu lugar nas nossas vidas, lugar proprio, captivo, nas doutorais, mas a amizade, por ter o seu lugar - que é dos mais valiosos - não pode interferir com a nossa vida, não pode condicionar as nossas escolhas, não deve forçar a nossa conduta, e nem se pode sobrepor ou ser sobrevalorizada às nossas relações pessoais, e muito menos às nossas relações amorosas, nem na génese nem na prática!
-Tenho dito!

Era só o que me faltava agora vir receber lições de amizade de alguém não tem noção do real significado da palavra, quanto mais do que é ter e saber manter verdadeiros amigos!

quarta-feira, agosto 03, 2011

I'll give you a hint

You're looking in the wrong place.
If you're so curious about this, try rather here, 'cos it was about someone else, and by the way, you can learn some more about it with these words, why not?
It had it's epilogue shortly after, smoothly...
What you see is what you get my friend.
Cheers to you.

terça-feira, agosto 02, 2011

Depois do escape estratégico da directa na estrada

Quem é mais responsavel, o que faz a acusação ou o que se expõe a ser acusado?
Quem se engana mais, é quem diz as palavras ou a quem se recusa a ouvi-las?
Quem é melhor mentiroso, o que diz a mentira ou o que omite a verdade?
Quem merece maior consideração e importância, os da rua ou os de casa?
Quem tem força de espirito, o que vive da imagem ou o que gosta mesmo de si próprio?
Quem destoa mais, aquele que não consegue confiar ou aquele que promove desconfiança?
Quem perde mais, aquele que perdoa mas não esquece, ou o que esquece sem perdoar?
Quem é mais obtuso, o que recusa aceitar a crítica, ou o que critíca por criticar?
Quem tem mais pena no desencanto, o que é iludido ou o que iludiu?
Quem é mais dificil de se auto perdoar, o que insulta ou o que se expõe ao insulto?
Quem será verdadeiramente feliz, o que acredita e luta, ou o que desiste e se rende?
Quem é verdadeiramente livre, o que decide por si, ou o que decidem por ele?
Quem é que nunca se encontrou em ambos os lados destas e outras situações?
Então, e qual destes, senão todos, é o mais flagrante exemplo de que a compatibilidade e as fotocopias são meras ilusões de facilitismo e simplificação para não lidar com emoções, e que as incompatibilidade e as diferenças são dos mais necessários e unificadores aspectos das relações humanas, com o fulcral papel de combater o inevitavel tédio do pre-formatdo?
Assim, por fim, qual será o melhor caminho para conseguir assimilar e aceitar as diferenças, será proclamarmos uma qualquer verdade absoluta que nos acossa na ilusão de saber tudo, ou será procurar em si a coragem para valorizar o que se sente e alimenta-lo para que seja sempre cada vez melhor, e superar-se, superar tudo, não desistir de acreditar! Não hipotecar o futuro por medo da incerteza e nada mais...

segunda-feira, agosto 01, 2011

Paella vegetariana

Por muito que às vezes a vida nos presenteie com dissabores e tristezas, há coisas na vida pelas quais vale a pena lutar, mudar, melhorar e ser o melhor de nós próprios. O segredo está em não desistir de acreditar, amar os que nos são queridos, não ceder à saida fácil em face da adversidade e não perder nunca o respeito por nós próprio. É esse o mundo onde eu vivo! Contra ventos e marés, e nem sempre é fácil, mas nada é impossivel!

Reflexão em Salamanca

Se calhar, no momento em que damos ao mundo motivos para não confiarem em nós, e mentimos por omissão a todos os que nos são queridos, num dado episódio que podia ser perfeitamente trivial, em vez de um SMS esfarrapado e evasivo a desviar atenções, um simples MMS (nem que tivesse que ser fabricado) teria afastado o clima de falsidade pessoal que se tem instalado recorrentemente e sem razão de ser, e isto - pasme-se - quando tudo se estava finalmente a harmonizar... The irony just knoks me out!
As pessoas enganam-se a si próprias com as escolhas que fazem, porque por vezes desprezam o que têm de bom para se agarrarem ao que não têm a não ser superficialmente, vivendo ilusões momentaneas...
"And for each steap forward, you take two steaps back"

Figueira de Castelo Rodrigo - Cara ou Coroa?